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O desastrado, louco e fantasioso
mundo da Tamara
bem vindo(a)!

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Tamara Lopes
Fantasia, sonhos, magia, sorrisos, união, felicidade, conquistas, amor, abraços, carinho, família, beijos, diversão, olhares, justiça, amizade, compaixão, música, vida, brincadeiras, suspiros, arte, imaginação, palavras et cetera.

       





Eu sei
terça-feira, 19 de março de 2013 // 18:13



Então você acordou, mas não queria acordar, eu sei. Queria poder se afundar no travesseiro de forma que também se afundasse num sono profundo, afinal de contas, poderia sonhar e os sonhos são sempre melhores e infinitamente mais emocionantes que a realidade. Ah, a realidade... Tão tediosa, monótona e instável, tão cansativa, insensível e sofrida. Você simplesmente preferia continuar naquele sonho maluco que acabara de ter, só porque absolutamente nada foi previsível nele, só por não ter seguido uma ordem, a mesma ordem chata e supérflua de sempre... Você até luta para retomar o sonho no ponto exato em que ele parou, força os olhos como se isso fosse adiantar alguma coisa, mas nada acontece. Então você abre os olhos, olha o relógio, resmunga e entende que o dia está só começando. Um dia como o de ontem, o de anteontem e como todos os outros que já viveu.

E você consegue visualizar tudo o que vem pela frente, as mesmas coisas e as obrigações de sempre. Levantar da cama, tomar o café, não esquecer do remédio, pegar o guarda-chuva, abrir a porta, fechar a porta, guardar as chaves no bolso direito da bolsa, andar apressadamente, desviar do buraco da calçada, pegar um papel de anúncios da mão de uma senhora, chegar no trabalho, organizar a mesa, atender às ligações, produzir textos, cumprimentar pessoas, forçar alguns sorrisos, almoçar, voltar para o escritório, continuar atendendo às ligações e retornando outras, terminar alguns relatórios, tomar café, olhar pela janela e ver a noite se adentrando, ver pessoas se despedindo e dizendo "até amanhã", ouvir os toc tocs do salto alto, desligar o computador, pegar o crachá, vestir o agasalho, caminhar, desviar do mesmo buraco, abrir a porta, fechar a porta, deitar no sofá, refletir sobre o dia, levantar do sofá, tomar outro remédio, tirar a roupa, tomar banho, colocar outra roupa, preparar um macarrão instantâneo, tomar água da torneira, deitar, pensar, pensar, pensar, e finalmente adormecer.

E no dia seguinte, você acordou, mas não queria acordar, eu sei.

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