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O desastrado, louco e fantasioso
mundo da Tamara
bem vindo(a)!

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Tamara Lopes
Fantasia, sonhos, magia, sorrisos, união, felicidade, conquistas, amor, abraços, carinho, família, beijos, diversão, olhares, justiça, amizade, compaixão, música, vida, brincadeiras, suspiros, arte, imaginação, palavras et cetera.

       





E se a vida te desse uma segunda chance?
quarta-feira, 29 de outubro de 2014 // 12:48


Ele acordou com a claridade incessante das luzes que invadiam o ambiente. Precisou esfregar os olhos antes de tomar coragem para abri-los de uma só vez. Tudo bem, ele disse para si mesmo, pondo-se de pé.

Enfermeiros passavam pra lá e pra cá, e isso lhe causava certa vertigem. As lembranças do dia anterior, o pior de sua vida, ainda o assombravam. E ele sabia que teria de conviver com elas.

Seria tudo tão mais fácil se não tivesse acontecido aquela discussão patética, ela simplesmente não teria pegado o carro e não sofreria o acidente. Ah, se pudesse voltar no tempo... ele teria impedido, teria tentado acertar as coisas. Teria feito ela ficar em casa, junto dele, onde era o seu lugar. Onde sempre fora o seu lugar.

E agora ele estava ali, inconsolável, mas esperançoso. Tinha fé e acreditava que uma vida ainda poderia ser salva. Aflito, ele caminhava de um lado para o outro, e só parou quando ouviu alguns passos, dos quais já se familiarizara, ecoando no corredor. Se virou: era o médico. Seu coração disparou, temendo a notícia que poderia escutar.

Ele espiou o relógio de pulso, percebendo a rapidez em que os ponteiros se moviam. Antes de saber o que o médico tinha a dizer, ele precisava de... tempo. Fechou os olhos e, embalado pelos tic-tacs, começou a reviver uma das lembranças mais bonitas que guardava dela. Foi como se ele tivesse regressado no tempo... ela ainda estava ali.

- E por que você acha que eu ia querer morar com você? - ela perguntou com um tom desafiador na voz, embora, o sorriso transparecesse no canto da boca.

- Eu também não sei, não faço ideia. Você tem todos os motivos pra não querer, na verdade... eu ronco, falo palavrão, gosto de jogar vídeo game, não sou muito organizado com minhas coisas. É, definitivamente, eu não sou organizado...

Ele ficou pensativo por um tempo. Por mais que quisesse aquilo, mais que qualquer outra coisa, ela talvez merecesse muito mais pra vida dela. Ele não tinha muito a oferecer... e só o fato dela ser a namorada dele... uau, aquilo já era sensacional demais.

- Que bom que você sabe disso! Mas você esqueceu de mencionar que...

Droga, tem mais!, pensou.

- Que você é a melhor parte de mim.

O coração dele quase parou.

- Sei lá... - ela continuou - você não é organizado, não mesmo. Mas é disso que eu gosto, entende? Você apareceu e bagunçou minha vida, virou ela do avesso e me fez enxergar as coisas numa perspectiva diferente, ainda melhor! E eu quero a gente assim, exatamente desse jeitinho... vivendo felizes nessa bagunça só nossa. Quero cuidar e ser cuidada, quero ter uma família e envelhecer com você. E tem que ser você, porque eu te amo! E...

- E?

- E porque eu tô grávida... E o nosso bebê precisa do pai, ele precisa de você.

Ele a observava sem piscar os olhos. Queria poder dizer muitas coisas, talvez gritar pra esboçar o quanto estava emocionado, feliz e realizado, mas só conseguia sorrir. Sorrir e agradecer. Foi ali, naquele instante, que ele prometeu a ela que sempre seria o pai que aquela criança merecia, e ele cuidaria dela por toda vida, não importa o que acontecesse.

De repente, a lembrança se esvaiu.

O médico estava novamente à sua frente, com uma das sobrancelhas levantadas, esperando um sinal para começar a falar. Ele hesitou um pouco, mas conseguiu erguer a cabeça para encará-lo. De alguma forma, agora ele estava fortalecido e preparado para ouvir.

- E então, doutor?

O médico sorriu serenamente.

- Conseguimos salvar o bebê, ele está fora de risco. Me acompanhe, por favor, venha conhecer a sua filha.

Extasiado de felicidade, ele seguiu o médico. Afinal, tinha uma promessa a cumprir... Por ela, seria sempre por ela.


Nota: as histórias "About time" e "If I stay" me inspiraram muito para este texto e para diversos outros que eu vir a escrever, com certeza. Mas, mais que isso, me inspiraram para a vida. É uma questão muito pessoal, eu sei, mas se eu pudesse dar um conselho (não, não é "use filtro solar") - e você quisesse aceitar -, seria este: viva para os detalhes! O detalhe de um abraço, de um agradecimento, de um olhar, de um beijo, o detalhe de um jantar em família, de poder entrelaçar as mãos com alguém e trocar juras de amor, o detalhe de poder casar com esse alguém, constituir uma família, o detalhe de ser mãe, de ser pai, o detalhe de passar uma tarde conversando com os avós e vendo o quanto eles têm a ensinar, o detalhe de uma viagem ou de um simples passeio com os irmãos e os amigos, o detalhe de ficar menos tempo no trabalho e mais tempo ao lado dos pais... enfim, o tempo passa e tudo muda, e não há nada mais triste do que você olhar para trás e não conseguir se lembrar de nenhum detalhe da sua vida. Valorize-os!

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Festival das Cores dentro de mim
sábado, 25 de outubro de 2014 // 15:00



É dia de celebração! Mais do que dar boas vindas à primavera, eu dou boas vindas a mim mesma. À pessoa que me tornei ou, melhor ainda, resgatei. Dou boas vindas às oportunidades que eu tive, às mudanças de dentro para fora, às pessoas que conheci e acrescentaram, me transformaram. Dou boas vindas à vida!

É dia de celebração! De agradecer baixinho, de meditar, de voltar para mim mesma e reunir pensamentos bons, positividade e esperança. É tempo de não me intimidar, não me privar, não deixar para depois. É tempo de ser feliz e distribuir felicidade.

É dia de celebração! Vou fechar os olhos e sentir a liberdade percorrendo todo o meu corpo. Vou partilhar abraços, beijos, sorrisos. Vou partilhar gentilezas. Vou dançar no ritmo da vida, seguindo seus movimentos agitados e, ao mesmo tempo, suaves. Vou dar - e receber - aquilo que está contido nos detalhes de cada gesto, palavra e olhar, aquilo pelo qual vale a pena lutar: amor, sempre o amor.

Todos os dias são de celebração!


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O que cê ainda não sabe
segunda-feira, 8 de setembro de 2014 // 17:34


Ah, eu sei que a gente se entende num só olhar. Sei bem que cê já manja dos meus dias de bom humor e, principalmente, daqueles de mau humor. Sei que cê sabe quando deve se aproximar ou quando deve manter distância. Mas cê não dá a mínima e se aproxima assim mesmo, afinal... distância pra quê?

Eu sei que cê me conhece do avesso, e já sacou que esse é o meu lado certo. Cê gosta de mim com esse meu jeito meio torto, meio bagunçado... cê gosta até das minhas manias e dos meus trejeitos bizarros. Talvez, quem sabe, o avesso também seja seu lado certo.

Às vezes, parece que cê é capaz de ler meus pensamentos. Sei lá, não é como completar minhas falas nem fazer algo sem eu precisar dizer. É mais que isso. É, contraditoriamente, ficar em silêncio. Deixar transparecer aquele vestígio de sorriso no canto da sua boca, deixar que a intensidade do seu olhar, do seu toque e do seu beijo me digam, de alguma forma, que você está comigo... e que não pretende ir a lugar nenhum. 

Cê já me desvendou quase que por completo, mesmo com meus mistérios fracassados. Mas eu sei que tem coisas que cê ainda não sabe, como o fato de eu ansiar pelos clichês. O clichê das conchinhas, o clichê do domingo inteiro preguiçoso, o clichê de comer guloseimas e engordar só um pouquinho, o clichê das brincadeiras e gargalhadas de coisas bobas, o clichê da tortura de cócegas, o clichê da cochilada durante algum filme, o clichê de um "eu te amo" pronunciado sem mais nem menos.

Eu aposto que cê também não sabe o quanto eu acho o máximo fazer compras com você. Gosto da nossa indecisão maluca sobre o que fazer no almoço, sobre qual massa ou queijo levar, até desistir de tudo e comprar comida pronta e congelada. Gosto da sua preocupação em pegar o meu iogurte preferido. Gosto, com todo o meu coração, quando dançamos no meio do corredor com plateia e tudo. Cê não sabe, mas só de fechar os olhos e lembrar desses momentos, me faz desejar mais danças no supermercado ou em qualquer lugar. Porque por mais que haja alguns pisões no pé, eu sei que, enquanto você me guia, além dos passos, nossas vidas também estão sincronizadas. 

As pessoas falam tanto sobre o infinito, e cê não sabe (nem elas), mas o infinito é nosso abraço. É nossa mordiscada na ponta da orelha. É nossa troca de olhar que diz tudo. Infinito é ansiar pelos finais de semana ao seu lado, e é não desgrudar de você quando eles, finalmente, chegam. Infinito são nossas conversas sobre a vida, são nossos planos. Infinito é nossa chegada, é nossa despedida, é nosso beijo de "até logo", é a nossa saudade incessante. Cê não sabe, mas o infinito é a nossa singularidade, é a sua loucura junto com a minha, é o seu sorriso junto com o meu. É você junto comigo. Cê não sabe, mas o infinito somos nós.

Ah, e nós vamos casar e ser muito felizes. Mas isso... isso eu sei que cê já sabe.

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